“O TÍTULO PARA TOMAR NUMA FINAL COM SETE GOLOS”
Estádio Municipal de Coimbra
Árbitro – Adelino Antunes, de Leiria
U. TOMAR – Quim Pereira; Kiki, João Carlos, «capitão», Faustino (62m – Fernando) e Fernandes; Cardoso, Raul Águas e Pavão (71m – Sanina); Raul, Bolota e Camolas
ESPINHO – Luz (49m – Aníbal); Artur Augusto, Simplício, Gonçalves, «capitão» e Gomes; Meireles, Ferreira da Costa e Júlio (62 m – Hélder Ernesto); Augusto, Telé e Malagueta
1-0 – Bolota – 1m
1-1 – Malagueta – 7m
2-1 – João Carlos (pen.) – 18m
3-1 – Bolota – 35m
4-1 – Bolota – 48m
4-2 – Telé – 83m
4-3 – Telé – 85m
«Substituições: no União de Tomar, aos 62 minutos, Fernando entrou para o lugar de Faustino e aos 71, Sanina rendeu Pavão. No Espinho aos 49 minutos, Aníbal substituiu Luz e, aos 62, Hélder Ernesto ocupou o lugar de Júlio.
Ao intervalo: 3-1. Marcadores: Bolota, aos 1, 35 e 48 e João Carlos (de grande penalidade) aos 18 minutos, pelo União de Tomar; Malagueta, aos 7 e Telé aos 83 e 85 minutos, pelo Sporting de Espinho.
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Com razoável assistência, em que dominava o entusiasmo das falanges de apoio, defrontaram-se duas turmas com futebol de diferente concepção. O União de Tomar, mais maduro, apoiado e objectivo; o Espinho, mais rápido e com base no valor individual das suas unidades, menos prático, por isso, a exigir uma capacidade física que não é possível encontrar ao cabo de tão longo campeonato.
Essa diferença ficou perfeitamente espelhada no resultado tangencial, apesar de, perto do fim, o «placard» mostrasse 4-1 favorável aos nabantinos.
O entusiasmo varreu o Estádio Municipal de Coimbra, quando o Sporting de Espinho passou de quase conformado à situação de inconformado. Dois golos, quase de rajada, e uma forte pressão sobre a baliza adversária nos derradeiros instantes, criaram ambiente de euforia e de expectativa, única nota positiva, aliás, da segunda parte.
Antes do encontro, o professor Manuel Grilo, da Federação Portuguesa de Futebol e os dirigentes da Associação Futebol de Coimbra, drs. Guilherme de Oliveira e Rodrigo Santiago, desceram ao relvado para fazer a entrega a técnicos, jogadores e massagistas de ambas as equipas das medalhas referentes às vitórias nas Zonas Norte e Sul do «Nacional» da II Divisão.
No início do desafio, uma fuga pela direita de Pavão, a centrar para Bolota – e este inaugurou o marcador.
Não se impressionaram os nortenhos. Jogava-se com velocidade, mostrando-se, porém, o União mais objectivo.
Mas o Espinho, persistentemente, continuou a procurar a baliza contrária, conseguindo, aos 7 minutos, a igualdade, por intermédio de Malagueta, oportuno numa recarga de cabeça.
Nítido equilíbrio das duas turmas em confronto, mas, desde logo, se verificava que o ritmo de jogo não era o mais calhado para o Espinho. Longas corridas acabariam por fazer efeito.
Aos 18 minutos, Pavão centrou; instintivamente, Júlio, metido no sector defensivo, meteu a mão à bola e o árbitro, de imediato, assinalou grande penalidade, convertida por João Carlos.
Apesar do contratempo, o Espinho começou a evidenciar mais agressividade, através de lances conduzidos por Ferreira da Costa (o melhor dos 26), Malagueta e Telé. Este chegou mesmo a perder uma oportunidade soberana, aos 32 minutos.
Três minutos decorridos, o Tomar lançou um ataque, em que intervieram Pavão e Bolota, cabendo a este, em jogada individual, chegar aos 3-1. Aos 36 minutos, o Espinho voltou a desperdiçar duas flagrantes oportunidades de marcar, por Júlio e Telé mostrando-se este o mais perigoso avançado.
No reatamento, logo aos 3 minutos, na sequência de um livre, o guarda-redes saiu para interceptar, mas largou a bola, deslize bem aproveitado por Bolota, que fez 4-1. Depois deste lance, o guardião nortenho foi substituído.
A velocidade dos primeiros 45 minutos havia-se perdido, entretanto. Tomar, descansado com a vantagem obtida, limitou-se a segurar as surtidas do adversário, congelando o esférico.
Hélder Ernesto entrara para o meio-campo espinhense, no intuito claro de forçar. Bem sucedida essa alteração, pois logo o Espinho começou a aparecer com mais frequência ao ataque. Aos 38 minutos, segundo golo; Augusto centrou do lado esquerdo e Telé, com um golpe de cabeça, desviou a bola para a baliza adversária, sem qualquer oposição.
Redobraram os nortenhos de entusiasmo e, quando dois minutos decorridos, o mesmo Telé passou o resultado para 3-4, foi indiscritível o entusiasmo da sua falange de apoio.
Apesar de uma ou duas incursões à área nabantina, não se alterou, porém, o resultado. O União de Tomar acabou por se sagrar campeão. Nele se distinguiram João Carlos, Pavão, Raul Águas, Bolota e Camolas e, no Espinho, Simplício, Meireles, Ferreira da Costa, Augusto, Telé e Malagueta.
Boa arbitragem.
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A satisfação do treinador Artur
Artur, treinador do União de Tomar:
– Estou satisfeito, pois foi esta a terceira vez que levei uma equipa à I Divisão. No que respeita a este encontro, sou de opinião que as equipas foram bem dignas uma da outra. O resultado, porém, não sofre contestação. Depois do quarto golo, a minha equipa descansou, o que deu possibilidade ao Espinho de subir. Parabéns a quantos contribuiram para este bom espectáculo.
Andrade: «Golos consentidos»
Francisco Andrade, treinador do Sporting de Espinho:
– A minha equipa, como eu esperava, acabou por falhar no capítulo do remate. A defesa, por sua vez, continua a não ter sorte em Coimbra, acabando os golos do Tomar por serem mais consentidos do que conseguidos. Parabéns à equipa vencedora, que demonstrou possuir mais maturidade. Felicidades para o futuro das duas equipas.
O árbitro: «Venceu o futebol»
O árbitro Adelino Antunes disse-nos:
– Pela forma como o desafio decorreu, não há dúvida que pode dizer-se ter vencido o futebol. Quando duas equipas lutam desta maneira, a vitória é, realmente, do futebol.»
(“A Bola”, 24.06.1974 – Crónica de Álvaro Perdigão)
30 Novembro 2010 at 16:26
Ouvi pela rádio e foi estilo como o jogo de Odivelas. Parecia ganho, susto nos minutos finais mas tudo acabou em bem!
Campeões!
30 Novembro 2010 at 16:31
O maior título da história do União!
7 Dezembro 2010 at 15:49
Incluindo o jogo da Final, os maiores goleadores da equipa nesta época foram:
– Raul Águas – 27 + 6 (Taça) = 33
– Bolota – 27 + 5 (Taça) = 32
– Camolas – 20 + 5 (Taça) = 25
O ‘trio maravilha’ marcou 90 dos 114 (!) golos que o União de Tomar alcançou nesta magnífica época de 73-74, a nível do Campeonato Nacional da II Divisão e da Taça de Portugal (total de 25 golos marcados na Taça).
5 Julho 2012 at 16:13
Obrigado por esta blogs. Ele está muito bem concebido e eu adoro o conteúdo. Muito bom!
30 Novembro 2012 at 15:04
[…] do U. Tomar (2-1), por João Carlos, na conversão de grande penalidade (via página do Facebook de João Carlos da […]
24 Dezembro 2015 at 12:00
[…] Municipal de Coimbra – U. Tomar – Sp. Espinho – penalty apontado por João Carlos – foto enviada pelo autor do blogue […]
23 Junho 2018 at 09:26
[…] 23 de Junho de 1974, ganhando na final, disputada em Coimbra, ao Sp. Espinho, o União de Tomar sagrava-se Campeão Nacional da II Divisão, o título mais importante de todo o […]
7 Maio 2021 at 22:46
[…] do União de Tomar na altura da maior proeza do historial do clube, a conquista do título de Campeão Nacional da II Divisão, em 1973-74, tendo marcado um golo na final, em […]