
(“O Templário”, 15.09.2022)
No arranque da nova temporada, com o início da 83.ª edição da “prova rainha” – correspondendo, em paralelo, à 100.ª edição de provas a eliminar de âmbito nacional, desde a criação, em Junho de 1922, do então designado “Campeonato de Portugal”, disputado em moldes idênticos, durante 17 épocas –, não tendo estado propriamente mal, a verdade é que, das quatro equipas do Distrito que disputaram a eliminatória inaugural da Taça de Portugal, apenas uma (U. Santarém) logrou avançar para a ronda seguinte.
Nesta jornada inicial tinham ido a sorteio 118 clubes (21 da Liga 3, excluindo-se as três equipas “B”, de Sporting, Sp. Braga e V. Guimarães; 54 do actual Campeonato de Portugal; e 43 dos Distritais), tendo ficado isentos 34 emblemas (entre eles os históricos Belenenses, Académica, V. Setúbal, Atlético e Fabril), sendo que também o Coruchense beneficiou de tal sorte.
Entraram, pois, em campo, os outros quatro representantes do Distrito: U. Santarém e Rio Maior SC (clubes que militam, nesta época de 2022-23, no Campeonato de Portugal), U. Tomar (vice-campeão distrital) e Fazendense (na sua condição de vencedor da Taça do Ribatejo).
Destaque – Reencontrando um adversário que não defrontava há mais de duas décadas (o último desafio entre ambos datava já de 1999), o U. Tomar deslocou-se a Pombal, oponente frente ao qual tinha um histórico animador a nível da Taça, com duas eliminatórias ganhas, nas temporadas de 1994-95 (1-0 em Pombal, a favor dos unionistas) e de 1995-96 (2-0 em Tomar).
Frente a um rival de escalão idêntico, o Sp. Pombal, também vice-campeão distrital, na Associação de Futebol de Leiria, as coisas até começaram bem, com os tomarenses a assumir, desde cedo, o controlo do jogo, colocando-se em vantagem à passagem dos vinte minutos, com um tento de Wemerson Silva (já o 4.º melhor marcador de sempre do União, com um total de 67 golos apontados), a estrear-se a marcar nesta competição nacional.
Ao intervalo o técnico dos pombalenses procurou inverter o rumo dos acontecimentos, operando três substituições de assentada, mas a tendência de jogo não se alteraria substancialmente, tendo os nabantinos desperdiçado ocasião de ampliar a contagem. Aguardava-se já o derradeiro apito do árbitro, mesmo a findar o 5.º e último minuto do tempo de compensação, quando a equipa da casa viria a conseguir restabelecer a igualdade, a uma bola, forçando assim o prolongamento.
O U. Tomar tivera o “pássaro na mão”, mas deixou-o escapar. No tempo extra, os visitantes, exibindo superior condição, tiveram ainda o benefício de se ver em superioridade numérica, logo aos seis minutos, situação que, contudo, perduraria por escassos dez minutos. Quando se esperaria que os tomarenses aproveitassem para sentenciar o desfecho da eliminatória, tendo sido desperdiçada essa outra situação vantajosa, as duas equipas acabariam como que por “conformar-se” com a decisão da marca de grande penalidade, evitando correr maiores riscos.
Nesse desempate – tal como ocorrera no momento derradeiro do tempo regulamentar, e, de novo, já no prolongamento – voltou a faltar alguma “fortuna” aos unionistas: o seu guardião, Ivo Cristo, defendera já, no final da primeira parte do jogo, uma grande penalidade; agora, seria a vez do guarda-redes local sair como herói, detendo todas as três tentativas dos nabantinos, em absoluto contraponto aos três remates com êxito dos pombalenses.
O U. Tomar foi a única das 42 equipas eliminadas da Taça de Portugal, nesta 1.ª eliminatória, que não foi derrotado dentro de campo, nos 120 minutos do tempo (extraordinário) de jogo…
Confirmações – Os outros três clubes do Distrito confirmaram a tendência esperada, com duas eliminações, ante adversários de escalão superior, e um apuramento, face a rival de nível abaixo.
O Rio Maior SC – na sua estreia em desafios de provas de âmbito nacional, após curta passagem de três temporadas na II Divisão Distrital e outras tantas no principal escalão do Distrito, de que acabou de se sagrar Campeão, isto desde a fundação do clube em Julho de 2016 – tinha a exigente tarefa de se deslocar ao terreno do Alverca, da Liga 3 (equipa que perdera recentemente, em play-off disputado com o Sp. Covilhã, a possibilidade de promoção à II Liga), acabando por ser desfeiteado, com alguma naturalidade, por 2-0.
Também o Fazendense, na sua 15.ª presença na Taça de Portugal, não conseguiu aumentar o seu curto pecúlio de seis triunfos na competição, sendo derrotado, em Sintra, pelo Sintrense (do Campeonato de Portugal), pese embora por tangencial 1-0.
Já o U. Santarém, recebendo a visita de opositor de escalão inferior, Gavionenses (apenas 4.º classificado na última edição do Distrital de Portalegre, tendo, não obstante, conquistado a respectiva Taça), venceu por escasso 1-0, em tarde deveras perdulária, frente a um opositor que, pela sétima vez em outras tantas presenças, foi afastado na ronda inicial da Taça de Portugal.
Num balanço, em termos gerais, uma eliminatória com desfechos muito de acordo com a lógica, com o Juventude de Évora a ter a honra de ser o único a conseguir afastar adversário de escalão superior, batendo, por categórico 3-0, o Moncarapachense, da Liga 3.
Foram apurados 13 clubes da Liga 3 (mais sete que tinham ficado isentos no sorteio) – o único eliminado foi o referido emblema algarvio –, 24 do Campeonato de Portugal (mais os 14 isentos) e cinco do Distrital (mais 13 isentos); aos quais se juntarão, na 2.ª ronda, 16 da II Liga.
Antevisão – Após este “aperitivo”, começa no fim-de-semana mais uma edição do Distrital da I Divisão, competição sempre de renovado interesse, esta época com várias agremiações a apostar forte, num contexto em que, em paralelo, não houve qualquer despromoção do Nacional.
De entre as equipas melhor posicionadas na última temporada, o U. Tomar (2.º) abre a prova com a recepção ao credenciado Abrantes e Benfica, que, a par com o Fazendense-Mação (opondo o 3.º e 5.º classificados do último campeonato) merecem honras de cartaz da jornada.
Samora Correia (4.º) e Torres Novas (6.º) deslocam-se ao reduto de dois dos recém-promovidos ao principal escalão, Fátima (aureolado com o título de Campeão da II Divisão Distrital) e Entroncamento AC; cabendo ao outro promovido, Águias de Alpiarça, visitar Benavente.
Em Amiais de Baixo encontram-se dois dos clubes com maior historial, Amiense e Cartaxo. Por seu lado, o Ferreira do Zêzere, a prometer grande ambição, em função dos significativos reforços angariados, recebe outro dos clubes de maiores pergaminhos, o Alcanenense.
Por fim, a partida entre At. Ouriense e Salvaterrense será a primeira oportunidade de ambos para começar a somar importantes pontos visando um campeonato o mais “tranquilo” possível.
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 15 de Setembro de 2022)