(“O Templário”, 02.05.2024)

Com duas derrotas sofridas nos dois primeiros encontros disputados (ambos em reduto alheio) na fase final do Campeonato de Portugal, de promoção e apuramento dos finalistas, e pese embora nada esteja ainda decidido, começam a fragilizar-se as aspirações do U. Santarém ao regresso à Liga 3. Para poder chegar ainda a tal desiderato os escalabitanos (que receberão ainda os três rivais) necessitariam de um percurso praticamente sem falhas daqui até ao termo deste torneio.

De facto, depois da tangencial derrota, no arranque, em Setúbal, ante o histórico Vitória, o U. Santarém, de viagem até Angra do Heroísmo, foi novamente desfeiteado, pelo Lusitânia, desta feita por 3-1 (tendo, aliás, os visitados chegado a dispor de vantagem de 3-0, logo nos minutos iniciais da segunda metade). Por seu lado, tendo averbado segundo triunfo (os dois no seu terreno), os açorianos perfilam-se como candidatos à subida.

E isto porque, no outro jogo da série mais a Sul, também os vitorianos voltaram a vencer, outra vez por 2-1, agora no Algarve, diante do Moncarapachense, frente ao qual tiveram também vantagem de 2-0. Desta forma, Lusitânia e V. Setúbal, tendo somado, cada um, seis pontos, parecem beneficiar de posição privilegiada face à concorrência, ainda sem pontuar.

A Norte, tivemos outros dois empolgantes desafios, disputados “taco-a-taco”, em toada de parada e resposta, com os forasteiros a imporem-se, pelo mesmo desfecho, de 3-2: o S. João de Ver, ganhando em Pevidém, destacando-se por ter realizado já duas partidas na condição de visitante; o Limianos, triunfando em Amarante.

Também neste caso temos, na pauta classificativa, dois pares, por ora mais equilibrados: os vencedores desta 2.ª ronda, somando quatro pontos; os vencidos, com o ponto que tinham averbado na estreia, no jogo em que se cruzaram directamente.

Taça do Ribatejo – Os clubes que jogaram a 2.ª mão das meias-finais da Taça do Ribatejo em casa confirmaram, com maiores ou menores dificuldades, a qualificação para a Final, mercê dos triunfos que, um mês antes, haviam obtido, respectivamente, nas Fazendas e em Abrantes.

O Ferreira do Zêzere garantiu, apenas pela segunda vez no seu historial – depois de ter conquistado o troféu em 1990 – a presença em tal Final da Taça do Ribatejo, agendada para o próximo dia 25 de Maio (a disputar em Abrantes), na qual enfrentará o Alcanenense, que repete a presença no desafio decisivo, que registara na última temporada, avançando para a sua quinta Final da “prova-rainha”, mas ainda em busca de se estrear como vencedor.

Em anos recentes – e antes de ter sido finalista na época precedente – a turma de Alcanena não tinha ido além dos 1/8 de final, por três vezes sucessivas, entre 2020 e 2022. Nesta temporada, para chegar ao jogo decisivo, o Alcanenense afastou sucessivamente o Pontével, o Tramagal e o Marinhais, acabando por superar o Fazendense, emblema com maior palmarés na competição, acumulando um total de cinco troféus conquistados (nos anos de 2006, 2012, 2014, 2016 e 2022).

Mas teve ainda de sofrer um pouco: partindo para a 2.ª mão com uma vantagem de dois golos, o grupo de Alcanena parecia ter o “assunto arrumado” quando, à passagem dos dez minutos da segunda parte, se colocou novamente a vencer por 2-0, portanto com um diferencial agregado de quatro tentos, em seu favor. Até que, na derradeira meia hora, “puxando dos galões”, o Fazendense apontou três golos, operando sensacional reviravolta no marcador, que só não foi mais extraordinária, porque lhe ficou a faltar mais um, para forçar o desempate.

O resultado final de 2-3 não impediu o Alcanenense de, para já, fazer a festa. Resta-lhe, agora, a parte (ainda mais) difícil, que será a de tentar contrariar uma tendência bastante negativa, de quatro finais perdidas, em 2002, 2009, 2010 e 2023.

Por seu turno, o Ferreira do Zêzere teve uma tarde bastante mais tranquila, ancorado na realisticamente insuperável vitória de 3-0 que arrancara em Abrantes. Num encontro em que os abrantinos deram, como seria expectável, mostras de maior inconformismo, procurando assumir a iniciativa, os ferreirenses preocuparam-se, sobretudo, em gerir o tempo, que corria a seu favor. Apesar de todo o labor da formação do Abrantes e Benfica, o nulo não se alteraria até final.

Tendo vencido a Taça na já distante temporada de 1989-90, e depois de ter sido semi-finalista por três vezes seguidas, entre 1999 e 2001, o melhor que os ferreirenses haviam conseguido, desde então, tinham sido as presenças nos quartos-de-final, em 2016, 2018 e 2019.

Agora, com um percurso deveras avassalador na presente edição da Taça do Ribatejo, o emblema do Zêzere – também em acesa disputa por um inédito título de Campeão Distrital – perfila-se como o principal candidato à conquista do troféu, depois de ter goleado por 7-1 frente ao Vasco da Gama, e por 6-1, em Ourém, ante o At. Ouriense, culminando com o 3-0 da 1.ª mão das meias-finais; em contraponto a uma equipa do Alcanenense, que ocupa discreto 9.º lugar no campeonato.

A propósito da I Divisão Distrital, por lapso meu, na passada semana, não estava a incluir, na indicação relativa às séries de vitórias actualmente em curso por parte do quarteto da frente, os triunfos da jornada em causa (27.º), pelo que, efectivamente, Fátima e Abrantes e Benfica tinham somado então a respectiva 6.ª vitória consecutiva (9.ª nas dez últimas rondas); o Ferreira do Zêzere averbou o 5.º triunfo sucessivo; tendo o Fazendense ganho pela quarta vez seguida!

Antevisão – No Campeonato de Portugal, o U. Santarém recebe o Moncarapachense, sem “margem de erro”, sendo fundamental a vitória. No outro encontro da série, quem sair vencedor do V. Setúbal-Lusitânia terá dado um passo decisivo para a subida à Liga 3.

No regresso da I Divisão Distrital, para o seu tramo final, com três decisivas jornadas, agendadas para os dias 5, 12 e 19 de Maio, o Fátima começa por enfrentar uma ameaçadora saída até aos Foros de Salvaterra, com o Forense empenhado em preservar a posição (acima da “linha de água”) que tanto lhe custou alcançar.

Caberá aos outros três candidatos jogar em casa nesta 28.ª ronda: Ferreira do Zêzere e Fazendense serão, em condições normais, amplamente favoritos, face ao At. Ouriense e ao Moçarriense – não ignorando, todavia, que se trata de outros dois conjuntos com grande necessidade de pontuar, para procurar escapar à sentença da despromoção ao escalão secundário; por seu lado, o Abrantes e Benfica encontra uma boa equipa, não obstante já tranquila no seu 5.º lugar, o Coruchense.

No fecho da primeira volta da fase final da II Divisão, realce para as partidas Glória do Ribatejo-Entroncamento AC e Marinhais-Águias de Alpiarça (cruzando-se os quatro primeiros classificados); enquanto o Tramagal visita o Pego, onde também apenas o triunfo lhe poderá servir.

(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 2 de Maio de 2024)