(“O Templário”, 26.01.2023)
São os actuais quatro primeiros classificados e, também, os clubes que (a par do Fátima) ganharam os dois jogos já disputados na segunda volta do Campeonato Distrital da I Divisão da presente época: U. Tomar, Fazendense, Amiense e Alcanenense confirmam-se – numa altura em que o grau de exigência da competição vai crescentemente “apertando” – como os candidatos ao título.
Para além das vitórias próprias, beneficiam também dos deslizes alheios: se, na semana passada, tinha sido o Mação a ficar irremediavelmente para trás, desta feita foi o Samora Correia a atrasar-se, tendo averbado derrotas nas duas últimas rondas, sendo que os seus quatro desaires na prova foram registados, todos, nos sete encontros mais recentes, dos quais, aliás, ganhou apenas dois.
Destaques – Tal como se antecipava pudesse vir a acontecer, o embate entre Amiense e Samora Correia revelou-se clarificador, com os samorenses a serem os principais derrotados desta jornada, perdendo por 2-1, vendo, pois, ampliar-se o atraso face aos primeiros da tabela, com amplitudes já dificilmente reversíveis – dado reportar-se a vários concorrentes: oito pontos em relação ao U. Tomar; seis para o Fazendense; cinco face ao adversário do passado fim-de-semana, Amiense, que regista a melhor série em curso, tendo somado quarto triunfo consecutivo.
Em evidência, continuando a dar indícios de grande solidez, continua o Alcanenense, que superou de forma convincente um teste de elevada dificuldade, ganhando em Benavente por 2-0, especialmente com dois elementos em realce: os jovens guineenses, Moisés Iabna, melhor marcador da prova, com 14 golos, e Botche Candé (respectivamente com 20 e 19 anos). A que se alia a robustez defensiva, apenas com quatro golos sofridos nas últimas nove partidas, que lhe confere, nesta altura, o estatuto de equipa menos batida do campeonato, a par do Fazendense.
Depois de uma série muito negativa, de cinco desaires sucessivos, o Cartaxo esteve em destaque pela positiva, indo ganhar ao reduto do “lanterna vermelha”, Entroncamento, por tangencial 1-0, mercê de um tento apontado já em período de compensação. Um resultado de grande importância, não só na aritmética presente do campeonato, como, especialmente, em termos anímicos.
O qual, em paralelo, pode ter começado a sentenciar o destino do emblema da cidade ferroviária, que, somando oito escassos pontos, subsiste a nove pontos de distância da “linha de água”, zona delimitadora definida precisamente por este último adversário, Cartaxo, agora no 13.º posto – mas que, dependendo do desempenho do Coruchense no Nacional, poderá até subir para doze pontos.
Surpresas – A principal surpresa da jornada foi a igualdade (2-2) cedida pelo Mação, na recepção ao At. Ouriense, conjunto que seguia com quatro derrotas sucessivas, não vencendo há sete jogos. E a surpresa poderia ter sido maior ainda, dado que os maçaenses chegaram a estar em posição de desvantagem no marcador. Uma actuação que poderá estar de alguma forma relacionada com o facto de os visitados terem deixado de crer na possibilidade de chegar ao topo da tabela.
Outra meia-surpresa ocorreu em Ferreira do Zêzere, também a consentir empate (3-3) ante o Salvaterrense – por três vezes tendo deixado escapar a vantagem de que usufruía –, em contexto de alguma forma análogo: os ferreirenses não terão já, nesta fase ainda relativamente prematura do campeonato, objectivos muito palpáveis, ocupando a 7.ª posição, mas distando oito pontos do 5.º lugar. Viram, assim, a turma de Salvaterra colar-se, somente a um ponto, partilhando o 8.º posto com o Torres Novas; assim como, mais abaixo, Fátima e At. Ouriense estão mais próximos.
Confirmações – Nos restantes três encontros, os visitados confirmaram o seu favoritismo, sendo que o Fátima só chegaria à vitória (2-1) ante o Águias de Alpiarça mesmo no derradeiro instante.
Por seu lado, U. Tomar e, em especial, Fazendense, ganharam mais “facilmente” do que seria expectável: o grupo das Fazendas cedo resolveu a contenda (primeiro golo ao terceiro minuto; e o segundo à meia hora), “despachando” o Abrantes e Benfica por claro 3-0, com os abrantinos (que caíram no antepenúltimo lugar) a terem, prontamente, de “arrepiar caminho”, sob pena de poderem vir a ter surpresa bem desagradável no balanço final da prova; quanto aos unionistas, bateram o Torres Novas por 4-1, margem excessiva face à actuação das duas equipas em campo.
No “clássico dos clássicos”, os tomarenses também inauguraram o marcador ainda em fase inicial (à passagem do quarto de hora), mas viram, logo de seguida, a bola a embater nos ferros da sua baliza. O jogo continuou repartido, com os tomarenses, mais eficazes, a ampliar para 2-0.
No recomeço os torrejanos chegaram a exercer algum ascendente, com o União a defender-se bem, vindo, contudo, a sofrer o golo quando conseguira reequilibrar já o desafio. Até final, não se descompondo, confirmaria o triunfo com dois tentos em dois minutos, entre os 78 e os 80, frente a um adversário que mostrou a razão de ser da bela recuperação que tem vindo a realizar.
Para além de Pedro Pires, melhor marcador da equipa, realce para Diogo Ismail, que aproveitou da melhor forma a oportunidade que se lhe proporcionou, bisando na partida. O U. Tomar mantém-se como equipa com mais golos (36 – dois a mais que o Fazendense), tendo, em paralelo, a terceira defesa menos batida (16 golos sofridos – mais três que Fazendense e Alcanenense).
II Divisão Distrital – Não houve surpresas na 15.ª jornada, com os quatro primeiros de cada série a vencer: a Sul, o Forense (3-0 em Pernes) e Moçarriense (2-1 em Almeirim, rectificando o desaire da primeira volta) partilham o comando, mantendo seis pontos de vantagem em relação a Espinheirense (1-0 ao Rebocho) e Marinhais (também vitorioso por 1-0, ante o Paço dos Negros).
A Norte o Riachense impôs-se por categórico 4-1 face ao Pego, liderando com quatro pontos de vantagem sobre o par formado por Tramagal (vitória “à justa”, por 4-3, em Vilar dos Prazeres) e Vasco da Gama (4-1 em Abrantes, ante a equipa “sub-23” do Abrantes e Benfica). O Caxarias (4.º classificado, a cinco pontos do duo que o precede na tabela) ganhou por 2-1 ao Goleganense.
Campeonato de Portugal – Foi uma ronda favorável a 15.ª desta competição, com o U. Santarém a ir ganhar a Arronches por 2-0, ascendendo à 3.ª posição, somente a um ponto de B. C. Branco e 1.ª Dezembro, que repartem a liderança; enquanto, no embate entre Rio Maior e Coruchense, se registou o desfecho que, de forma pragmática, se afigurará mais vantajoso para os clubes do Distrito, com vitória difícil, após operar reviravolta no marcador, do grupo do Sorraia, por 3-2.
O Coruchense conseguiu, enfim, pela primeira vez nesta época, subir acima da “linha de água”, ascendendo ao 7.º posto; porém, em igualdade pontual com Sertanense e União da Serra, agora a primeira equipa em lugar de despromoção. Por seu lado, o Rio Maior (que conta uma única vitória) voltou a cair na última posição, a 17 pontos de tal linha, cada vez mais próximo da descida.
Antevisão – Os campeonatos distritais estarão em pausa neste fim-de-semana, para dar lugar à Taça do Ribatejo, prova da qual se disputa uma “pré-eliminatória”, com dez jogos, tendo ficado isentos, por sorteio, seis clubes. Destacam-se os seguintes confrontos: Benavente-U. Tomar, Mação-Fazendense, Ferreira do Zêzere-Alcanenense e Forense-At. Ouriense.
No Campeonato de Portugal antecipa-se uma jornada de grandes dificuldades: o U. Santarém viaja até Sintra, para defrontar o seu actual parceiro no 3.º lugar, Sintrense; o Coruchense recebe o líder, B. C. Branco; cabendo ao Rio Maior deslocar-se a Pêro Pinheiro (actual 5.º classificado).
(Artigo publicado no jornal “O Templário”, de 26 de Janeiro de 2023)