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(Fotos da Associaçao de Futebol de Santarém)

Agradecendo o amável convite que me foi dirigido pelo Presidente da Associação de Futebol de Santarém, Eng.º Francisco Jerónimo, que aceitei com grande gosto, começo por dizer que é, para mim, ao mesmo tempo, fácil e difícil falar sobre Luís Filipe Boavida.

Fácil porque é deveras aliciante recordar o percurso de vida de um homem com uma actividade tão preenchida, em especial numa vertente que nos é particularmente grata, como é a do desporto; difícil, porque perdurará o sentimento de injustiça pelo facto de prematuramente ter sido impossibilitado de lhe dar continuidade.

Mais do que uma homenagem institucional que este evento não deixa, justamente, de constituir, estou certo que Luís Boavida ficaria especialmente agradado e satisfeito de poder ver os seus amigos, aqui reunidos, comungando, de forma jovial, do lançamento de mais uma iniciativa, como é esta do “Troféu Luís Boavida”, na modalidade de futsal.

Nascido em Tomar a 21 de Outubro de 1961, caracterizado por uma grande alegria de viver, permanente boa disposição e apurado sentido de humor, cultivando a amizade, revelou, desde cedo, um espírito de forte dinamismo, com especial vocação para o associativismo.

Apenas com dez anos, começaria desde logo – ainda a brincar – por “fundar” o clube “Os Piratas”, com a improvisada sede instalada num barracão localizado na aldeia onde cresceu, Portela (de São Pedro), tendo inclusivamente concebido e preparado os respectivos “cartões de sócio”.

Empreendedor multifacetado, sempre com novas ideias e iniciativas a fervilhar na mente, foram inúmeras as áreas de intervenção que abraçou, desde a acção cívica, social e política ao sector desportivo, passando pela cultura, até aos meios de comunicação social.

Em particular, no que ao desporto diz respeito, foi dirigente, jornalista, adepto, para além de ocasional praticante de “tempos livres”.

Apenas com 31 anos de idade, foi o mais jovem Presidente da Direcção de toda a centenária história do União de Tomar, cargo que exerceu durante dois anos, entre 1993 e 1995.

Já antes, desde 1985, era Vice-Presidente do Conselho Fiscal da Rádio Hertz, tendo, em 1989, começado por ser cronista desportivo no jornal “O Remate”, assumindo, em 1990, as funções de Director do “Jornal União de Tomar” de que, a par de Carlos Silva, foi grande impulsionador. No final de 1994 seria também o Director da segunda série de “O Remate”, sucedendo a Rui Costa.

Também com Rui Costa como mentor, foi, em 1999, um dos fundadores, com António Barrinha e João Damásio, da Escola de Futebol de Tomar, associação de que foi Vice-Presidente, até 2004.

Em 2006 assumiu as funções de Presidente do Conselho Fiscal do Núcleo de Árbitros de Futebol do Ribatejo Norte, passando a ser também, paralelamente, Presidente da Assembleia Geral dos Kromus da Bola – Associação de Cultura e Desporto.

Desde 2009 era Relator do Conselho Fiscal do Núcleo do Sporting Clube de Portugal em Tomar, tendo sido também um dos fundadores, em 2011, do Grupo de Sócios e Simpatizantes da “Briosa” (Académica de Coimbra).

Mais recentemente, em Julho de 2015, fora eleito vogal da Direcção do Sporting Clube de Tomar, tendo, no mandato seguinte, desde Abril de 2017, sido Secretário da Mesa da Assembleia Geral deste mesmo clube.

Integrou, desde 2003, e ao longo de cerca de quinze anos, os órgãos sociais da Associação de Futebol de Santarém, de que era, à data do seu desaparecimento, Vice-Presidente, responsável pela área da Comunicação e Formação.

Permita-se-me ainda uma breve nota pessoal, que não poderia deixar de expressar nesta oportunidade, sublinhando a forma entusiasta como apoiou o desenvolvimento dos projectos dos livros do centenário do União de Tomar e do Sporting de Tomar, e, muito especialmente, do livro que publiquei sobre a Matrena; de Luís Boavida e de Carlos Silva recebi então uma colaboração incondicional, possibilitando que a ideia se tivesse materializado. Sou-lhes reconhecido e muito grato.

Licenciado em Administração e Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa, tendo também o Curso de Estudos Superiores Especializados em Gestão Autárquica, na Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém, assim como o Curso de Alta Direcção na Administração Local, no Instituto Nacional de Administração, o Dr. Luís Boavida foi, durante cerca de duas décadas e meia, desde 1990, técnico superior / responsável da Divisão Financeira no Município de Tomar.

De 2004 a 2012 foi também docente no Instituto Politécnico de Tomar. Como “hobby”, integrou ainda, de 2013 a 2017, o grupo de teatro tomarense “Fatias de Cá”.

Apenas para deixar entrever uma singela panorâmica da abrangência da sua transversal e repleta intervenção cívica, em prol da sociedade, enumero ainda o rol de instituições a que Luís Boavida deu o seu activo e dinamizador contributo:

  • Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola de Santa Iria;
  • Vice-Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola de Santa Maria dos Olivais;
  • Fundador e Presidente da Associação dos Antigos Alunos do Liceu de Tomar;
  • Fundador da Confraria Cívica do Barbo (tertúlia);
  • Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Forcados Amadores de Tomar;
  • Vice-Presidente da ADECRT – Associação de Desenvolvimento Económico e Cultural da Região dos Templários;
  • Vice-Presidente da Assembleia Geral da Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar;
  • Vice-Presidente do Definitório da Santa Casa da Misericórdia de Tomar;
  • Tesoureiro do CAST – Centro de Assistência Social de Tomar;
  • Presidente do Conselho Fiscal e, mais tarde, da Assembleia Geral do CIRE – Centro de Integração e Reabilitação de Tomar;
  • Fundador, em 2015, da “Gala Equestre Solidária”, promovida em parceria com a Escola Equestre Vítor Rodrigues;
  • Voluntário na área da promoção de eventos e angariação de fundos na Cáritas de Tomar.

Em Fevereiro de 2017 anunciou a sua candidatura à Câmara Municipal de Tomar, de que, todavia, se veria forçado a abdicar, por motivo de doença, cerca de cinco meses depois.

A 21 de Outubro de 2017, no dia em que completou 56 anos, lançou o que seria o seu derradeiro projecto, fundando, com a mulher, Dra. Isabel Boavida, e o filho, Dr. João Boavida, a Associação Luís Boavida, tendo por missão a protecção das pessoas mais desfavorecidas, com ênfase nas áreas da saúde, ensino e educação, na acção social e, também, no desporto – um indelével traço de união em todo o seu percurso de vida.

Que o “Troféu Luís Boavida”, preservando a sua memória, seja, à imagem do seu patrono, uma festa, em que impere o “fair-play”!